As mulheres podem ser inspiradores de várias formas. Há aquelas que ficam em casa e criam as suas famílias, aquelas que criam as suas famílias enquanto trabalham duro fora do lar, aquelas que optam por não terem filhos e são felizes e também aquelas que se aventuram no esporte.
As atletas abaixo são aquelas que se destacam no meio esportivo, que deixaram sua marca na história e que merecem destaque aqui no blog. A lista não está em uma ordem específica, pois acredito que é difícil falar que uma é maior que outra.
Marta
Essa atleta incrível acredito que dispensa apresentações. Ela é a futebolista que mais ganhou o prêmio de melhor do mundo (algo que na verdade somente ela e o Messi conseguiram) e uma das figuras mais conhecidas do futebol feminino.
Marta Vieira da Silva nasceu no dia 19 de fevereiro de 1986 na pequena cidade de Dois Riachos no estado do Alagoas. Como muitas mulheres que queriam e até hoje tentam jogar futebol profissionalmente, ela teve um início complicado pois não havia um time feminino para ela jogar. Marta, porém, tinha um talento inegável e foi tentar a sua sorte no Rio de Janeiro onde se tornou profissional pelo Vasco da Gama.
Durante a sua carreira, Marta conquistou títulos como: 2 Pan Americanos, 3 Copa América, 7 títulos Suecos, 1 Liga dos Campeões, 1 Libertadores, 1 Copa do Brasil e 2 ligas americanas. Ela chegou perto de conquistar (ficando em 2º) as Olimpíadas e a Copa do Mundo feminina, além, claro de ser eleita seis vezes melhor do mundo (06, 07, 08, 09, 2010 e 2018) como falei antes.
Mas ela não deixou sua marca nos livros de história somente pelos seus títulos e sua habilidade com a bola capaz de dar inveja a qualquer grande astro do futebol masculino. A rainha do futebol também fez sua marca no esporte pela sua luta pelos direitos das mulheres no esporte. Ela fez questão de não usar uma marca nas suas chuteiras durante a Copa do Mundo Feminina na França em 2019 quando nenhuma lhe pagou o que ela acreditava que deveria ter sido paga. Desta forma, ela usou a sua plataforma de grande alcance para divulgar a sua indignação e pedir mais igualdade entre homens e mulheres.
Durante essa mesma Copa do Mundo, ela abriu os olhos do mundo ao fato que pelo fato da mulher jogar futebol, não quer dizer que ela não gosta de coisas consideradas “femininas” como maquiagem. Assim que ela entrou em campo, muitos estavam curiosos com os seus lábios coloridos e muitas mulheres que estavam vendo o jogo também se perguntaram: “Será que o batom não vai borrar durante o jogo”?
O batom da Marta (como ficou conhecido) foi uma parceria que a atleta fez com a Avon e despertou alguns pontos dentro do mundo esportivo. O primeiro deles é o fato que a há espaço sim para produtos/assuntos femininos dentro do futebol, um esporte tão ligado ao universo masculino. Outro ponto é o fato que entidades como a FIFA não possuem uma base de como lidar com este tipo de marketing de emboscada (que foi isso pois a Avon não é uma patrocinadora nem da FIFA e nem da Copa do Mundo) pois ela nunca pensou que o futebol feminino pudesse ter pontos diferentes do masculino, que mulheres podem ter necessidades diferentes dos homens.
Hortência
Hortência de Fátima Marcari é uma lenda do seu esporte. Ela conseguiu inspirar uma geração de meninas e meninos a acompanhar mais o basquete, até então um esporte do clube do bolinha e não tão apreciado aqui no Brasil. A rainha do basquete tem recordes capazes de dar inveja a Lebron James e Michael Jordan, pois ela já anotou incríveis 121 pontos em uma única partida. Pense bem o que este número representa. Hoje, alguns dos maiores cestinhas da NBA, como James Harden por exemplo, podem fazer 60 pontos no jogo e a maioria com bolas de 3 pontos. Ela fez 121 pontos em uma época onde era muito difícil ter uma bola de fora do perímetro!
Hortência possui uma série de títulos internacionais incluindo uma medalha de ouro no Pan Americano em Cuba em 1991, uma medalha de prata no Pan do Estados Unidos em 1987 e uma medalha de bronze no Pan Americano da Venezuela em 1983 e também foi campeã do mundo em 1994 na Austrália. Além de suas medalhas, Hortência também foi considerada a atleta sul americana mais influente dos anos 80.
O impacto dela porém vai além do jogo e de sua incrível média de 24,9 pontos por partida. Ela mostrou ao Brasil que o basquete é um esporte emocionante. Ela conseguiu se tornar uma das figuras mais importantes de um esporte que até hoje é considerado muito masculino, onde muito do que fala do basquete tem uma pegada e um apelo aos homens. Ela foi capaz de inspirar uma geração de meninas e meninos a verem no basquete algo de especial e capaz de fazer o Brasil em uma potência do esporte da bola laranja.
Serena Williams
Serena Williams é considerada uma das maiores tenistas da história, já tendo conquistado 23 títulos de Grand Slam, 3 medalhas de ouro olímpicas de duplas, 1 medalha de ouro no simples e ficou 290 semanas como a número 1 do mundo. Ela tem uma longa carreira de sucesso e mesmo sendo considerada “velha” para o esporte, ela continua ganhando títulos importantes, sendo a jogadora mais velha a conquistar os 4 títulos de Grand Slam.
Junto com a carreira de atleta, ela pode incluir empresária de sucesso ao seu currículo. Ela possui uma linha de roupas que busca a inclusão de todos os tipos de corpos e etnias. Os seus dois mundos na verdade se mesclam bastante pois é com um pé na moda que Serena Williams também teve um impacto no seu esporte.
Serena as vezes joga com uma espécie de macacão feito especialmente para ela em parceria com a Nike. A peça foi visto por alguns como uma roupa de super herói e lembrava aquelas usadas no filme Pantera Negra, da Marvel. A escolha desta peça não foi pensando somente em moda, mas também pelo fato que Serena Williams possui um histórico de desenvolver coágulos sanguíneos e teve casos um pouco mais sérios durante e após sua gravidez.
Este macacão ajuda a atleta a controlar esta condição e ela pode precisar usar-lo de tempo em tempo, porém, se depender da organização do Aberto da França, ela não vai mais poder usar durante o campeonato deles pois foi considerado desrespeitoso. Veja, as regras parecem um pouco confusas em relação a o que pode ou não usar durante a partida do Roland Garros e no caso da Serena é mais do que um simples caso de quero usar por usar, é importante para a sua saúde.
Serena também é conhecida por deixar claro seu posicionamento sobre assuntos como o diferente tratamento dado para atletas masculinos e atletas femininas e não tem medo de ser criticada por isso, também deixando uma marca duradoura em seu esporte.
Fabizinha
Fabiana Alvim é uma gigante entre gigantes, não necessariamente por sua estatura (1,65 metro de altura, baixa se considerar o padrão do vôlei) mas pela sua importância para a evolução do esporte.
A Fabizinha, como é conhecida, é bicampeã olímpica (Pequim 2008 e Londres 2012), 5 vezes campeã do Grand Prix, campeã do Pan Americano de Guadalajara 2011, além de conquistar tantos títulos estaduais e de Superliga que não consigo nem contar mais. Esses títulos são importantes? São, mas não são por eles que Fabizinha será lembrada por muitos no mundo inteiro.
Veja, quando Fabizinha começou a jogar ela jogava como ponteira e tinha dificuldades quando estava na rede, muito por causa de sua estatura. Por causa dessa dificuldade, ela começou a se especializar na defesa. Em 1998, os deuses do vôlei sorriram e permitiram que justo no ano que ela se profissionalizou, a posição de líbero ser criada.
O vôlei e seus governantes são conhecidos por serem corajosos para mudarem as regras do jogo e tornar-lo mais interessante e dinâmico, como quando tiraram a regra da vantagem. Pouco sabiam que na verdade eles criaram a posição que Fabizinha nasceu para ocupar. Ela não somente ocupou a posição de líbero, ela ajudou a moldar a posição.
Ao longo de sua carreira vitoriosa, ela não tinha em quem se espelhar para saber como jogar como líbero ou saber como se encaixar na dinâmica do jogo. Então ela teria que mostrar para gerações futuras como se faz. Por causa de sua importância em quadra, ela pode ser considerada a melhor líbero da história! Sim ainda é um pouco cedo para determinar quão acima da média era a sua capacidade técnica como líbero, mas quando meninas e meninos, de qualquer estatura, buscam o seu sonho no vôlei, eles poderão se inspirar na Fabizinha.
Mia Hamm
Mariel Margret Hamm, ou somente, Mia Hamm nasceu no dia 17 de Março de 1973 e um pouco de ironia do destino, ela tinha problemas nos pés e teve que passar por tratamentos quando ainda era pequena.
Quando Mia começou a se interessar pelo futebol, ela ainda era bem criança e podia acompanhar o irmão em seu time de meninos, porém, ela chegou em uma idade onde as meninas já não podiam participar ela teve que buscar uma equipe feminina.
O destino, porém ainda iria sorrir para a pequena Mia. O colégio dela tinha um time de futebol feminino dos bons, pois com apenas 15 anos de idade, ela foi convocada para a seleção. Pode parecer um pouco estranho para nós aqui uma menina ser convocada para a sua seleção quando jogava pelo time do colégio, mas lembramos que no Estados Unidos, os colégios e as faculdades são formadores de atletas e não havia uma liga profissional feminina ainda. Mia Hamm foi a mais jovem a ser convocada para seleção americana.
Depois do colégio, foi para a University of North Carolina at Chapel Hill e foi campeã de 4 das 5 edições da NCAA que participou. Mia Hamm estava destinada a se tornar uma estrela! Havia uma pequena questão porém pois, na época, o Estados Unidos não tinha uma liga feminina profissional. Para se tornar jogadora de futebol profissional, Mia Hamm teria que sair de seu país.
Durante a sua carreira, muito do mundo do futebol feminino mudou. Entre os dias 16 e 30 de novembro de 1999 ocorreu a primeira edição da Copa do Mundo feminina da FIFA e Mia foi uma das convocadas para o time campeão do Estados Unidos. A número 9 americana foi campeã da primeira edição do futebol deminino das olimpíadas de 1996, na cidade de Atlanta, no estado da Geórgia. Quer saber o que mais ela foi a primeira a ganhar? Ela foi a primeira a receber o prêmio de melhor do mundo da FIFA em 2001, depois ganhou de novo em 2002.
Um pouco mais para o final da carreira, Mia Hamm ajudou a formar a primeira liga profissional de futebol feminino no Estados Unidos e jogou no time do Washington Freedom. Não satisfeita com tudo o que tinha ganho, seu último título foi a Olimpíada de Atenas 2004, em cima do Brasil! Quando se aposentou do mundo da bola, ela tinha 2 Copas do Mundo, 2 Olimpíadas, foi eleita 2 vezes melhor do mundo (sendo que foi 2 vezes a segunda melhor) e tinha 158 gols por sua seleção.
Mencionei que Mia ia jogar e treinar com o seu irmão, esse também tinha pretensões de se tornar profissional, porém ele foi diagnosticado com uma rara doença no sangue que o impedia de jogar. Em 1996, a atleta fundou o Mia Hamm Foundation, que buscava arrecadar dinheiro para pesquisa com medula óssea em homenagem ao seu irmão, Garrett.
Maria Lenk
No dia 15 de janeiro de 1915 nascia Maria Emma Hulga Lenk Zigler, mais conhecida como Maria Lenk. Na época, a pequena Maria sofria com pneumonia e começou a praticar natação pois seus pais acreditavam que o esporte iria ajudar a menina com suas deficiências pulmonares. Ela nadou pela primeira vez em 1925 no rio Tietê, na cidade de São Paulo mesmo (devemos lembrar que nesta época o rio era limpo e completamente apto para a prática de esportes aquáticos).
Podemos ver que ela começou a nadar cedo (com apenas 10 anos) e se desenvolveu rapidamente. Ela chamou tanta atenção que aos 17 anos foi convocada para as Olimpíadas de Los Angeles de 1932, sendo ela a primeira brasileira (na verdade Sul Americana) a participar de uma edição dos jogos olímpicos. Lembra daquela história onde atletas brasileiros foram a navio para Los Angeles e precisavam vender café nos portos durante o caminho para poder pagar as despesas da viagem? Pois é, Maria Lenk estava neste navio.
Na sua segunda participação olímpica (Berlin 1936) ela fez algo que ninguém tinha visto antes. Durante a prova do nado peito, ela deu a braçada fora da água. Mas porque isso foi tão importante? Bom, foi praticamente por causa dela e essa braçada inédita que hoje existe o nado borboleta.
Em 1939, Maria Lenk quebra os recordes mundiais nos 200 e 400 metros. Esse período de sucesso veio acompanhado de uma pausa. Durante uma excursão no Estados Unidos (onde ela quebrou uma série de recordes) ela também aproveitou o seu tempo e finalizou os seus estudos em educação física. Em 1942, ela ajuda a fundar a Escola Nacional de Educação Física da Universidade do Brasil, hoje a Universidade Federal do Rio de Janeiro.
O grande sonho da medalha de ouro olímpica de Maria Lenk não se tornaria realidade. Quando ela estava em seu auge físico e com sua melhor forma técnica, os jogos de Tóquio de 1940 foram cancelados por causa da segunda guerra. Assim, o primeiro ouro olímpico individual feminino Brasileiro foi conquistado pela Maurren Maggi, 68 anos depois.
Depois de anunciar a sua aposentadoria, Maria Lenk se tornou professora na escola que ajudou a fundar mas nunca realmente conseguiu largar as piscinas. Ela sentia falta de competir e como não tinha como competir com as atletas mais novas, ela então foi uma das principais vozes que ajudaram a criar a categoria máster na natação.
Em 1988 ela entrou na Swimming Hall of Fame, sediado em Fort Lauderdale no estado americano da Flórida. Ela é a única brasileira a receber tal honra. Maria Lenk faleceu em 2007, no Rio de Janeiro aos 92 anos.
Maria Esther Bueno
Maria Esther Bueno nasceu no dia 11/10/1939 e teve uma carreira que se estendeu por 3 décadas, incluindo títulos nas décadas de 50, 60 e 70. Ao longo de toda sua carreira, ela conquistou incríveis 589 títulos internacionais incluindo 19 Grand Slams (7 no simples, 11 nas duplas e 1 nas duplas mistas).
Ela começou a conquistar o seu lugar na história do tênis aos 19 anos quando, no dia 04/07/1959 ela conquistou seu primeiro Wimbledon no simples (no ano anterior ela já tinha um título na Inglaterra nas duplas com a americana Althea Gibson). Nesse mesmo ano, ela foi campeã no simples e vice nas duplas no Estados Unidos (no torneio que se tornaria o US Open). Nessa época, o tênis ainda era considerado um esporte amador e não tinha toda a estrutura de campeonatos e ranking como temos hoje, então era difícil dizer quem era o melhor atleta. Mesmo assim, a Federação Internacional declarou Maria Esther Bueno a número 1 do mundo em 1964.
Depois do primeiro, ela não parou mais de conquistar títulos. Um de seus títulos mais impressionantes foi quando ganhou nos Estados Unidos em apenas 19 minutos. Sua vitória relâmpago foi parar até mesmo no livro dos recordes. 1964 realmente foi um ano especial na carreira de Maria Esther Bueno, foi neste ano que ela foi a primeira mulher a conquistar os 4 títulos de Grand Slams!
A sua grande trajetória no esporte não foi tão tranquila quanto se imagina, em 1961 ela teve hepatite que a afastou meses das quadras e mesmo assim ela consegue um vice de Roland Garros. Além desta doença, as lesões constantes a impediam de disputar todos os torneios que queria.
Aos poucos, porém, suas lesões a tirava das quadras. Depois de fazer 8 cirurgias, Maria Esther Bueno disputou seu último jogo profissional em 1977, aos 38 anos, na cidade de São Paulo. Em 1978 ela é homenageada pela International Tennis Hall of Fame e também pelo famoso museu de cera Madame Tussauds em Londres.
Maria Esther Buenos influenciou o mundo do tênis, principalmente o lado feminino de esporte. Ela possuía um estilo agressivo de jogo, onde tinha um saque poderoso depois ia correndo para perto da rede onde podia pegar na bola mais rápido que sua adversária e a fazia correr muito mais. Por outro lado, tinha um ar de graciosidade em sua maneira de ser e de jogar que lhe rendeu o apelido da “bailarina do tênis”.
Ela surgiu em uma época que o Brasil ainda não tinha muitos ídolos no esporte, principalmente no esporte feminino então ela mesmo trilhou seu próprio caminho e serviu de inspiração para outros.
Maria Esther Bueno morreu no dia 08/06/2018 em São Paulo.
Billie Jean King
Billie Jean Moffitt nasceu no dia 22 de novembro de 1943 e desde nova se interessou pelo esporte. Quando criança, ela jogou basquete e softball mas seu coração eventualmente bateria mais forte para o tênis. Durante sua carreira, ela ganhou 129 títulos, sendo 39 grand slams (12 no simples), um de seus títulos de duplas ao lado de ninguém menos que nossa Maria Esther Bueno.
Ela sabia desde cedo que poderia ser um grande nome para o esporte e falou para a sua mãe que um dia seria a número 1 do mundo. Um dos eventos que marcaria a sua vida e sua carreira foi em 1955, quando ainda disputava torneios juvenis. Billie Jean foi impedida de tirar a foto com a sua equipe pois não estava usando o uniforme que os oficiais diziam que era o adequado. Veja, tradicionalmente, as mulheres no tênis usavam um tipo de vestido e, na ocasião, Billie Jean estava usando um short que sua mãe tinha feito para ela. Essa foi a primeira vez que ela havia sentido como era diferente o tratamento dado para as meninas e para os meninos.
Ela não precisou de muito tempo de quadra para ganhar seu primeiro título importante pois em 1961, aos 17 anos, ganhou Wimbledon ao lado de Karen Hantze. Em 1967 ganhou seu primeiro US Open e no ano seguinte ganhou seu primeiro Aberto da Austrália. Ela se tornaria Billie Jean King em 1965 depois de se casar com Larry King.
O impacto dessa atleta não é por causa de seus títulos nas quadras, mas pelo que ela fez fora delas. Mencionei que um dos primeiros eventos que marcou a vida profissional de Billie Jean King foi quando ela não podia tirar a foto com o resto de sua equipe pois não estava com o uniforme que achavam que era o “correto”, pois bem, com base nele que ela via que teria que lutar pela igualdade entre homens e mulheres dentro de seu esporte.
Mais do que qualquer vitória em grand slams, Billie Jean King ganhou notoriedade dentro do tênis por participar da Batalha dos Sexos. Neste jogo, ela disputou uma partida com Bobby Giggs, que queria mostrar a “superioridade” do homem no esporte. Isso, claro, não deu certo para o Sr. Giggs, pois Billie Jean King o derrotou na quadra por 6-4, 6-3 e 6-3.
No dia 28 de agosto de 2008, um bom tempo depois de sua aposentadoria, mas não de sua luta pela igualdade de gênero, ela foi homenageada em um dos principais palcos do tênis. A organização do US Open a homenageou quando mudaram o nome de seu complexo para USTA Billie Jean King National Tennis Center.
Kathrine Switzer
Número 261 fez história, esse foi o número usado pela primeira mulher que correu a Maratona de Boston e o nome dela é Kathrine Switzer. Sua história com o esporte começou cedo e teve apoio de toda a sua família. Quando era criança, ela falou para o seu pai que iria se tornar uma cheerleader (líder de torcida) mas seu pai não achou muito bom. Ele então olhou para ela e disse que as cheerleaders ficam apenas assistindo e que ela deveria pensar em fazer algo onde ela poderia fazer parte do que é importante da vida.
Pouco tempo depois das palavras de seu pai, Kathrine se apaixonou pela corrida e fez parte da equipe de corrida de sua escola. Quando foi para a universidade em Syracuse (no estado de Nova York), não havia uma equipe feminina para ela participar, então recebeu uma autorização especial para poder treinar com a equipe masculina. Enquanto treinava com Arnie Briggs (o técnico da equipe da universidade), ele contava para Kathrine tudo sobre quando participou de maratonas e foi aí que ela olhou para o Briggs e disse que queria fazer isso também. A primeira reação de Briggs digamos que não foi lá das melhores, basicamente, ele falou que era impossível uma mulher correr todos os 42 quilômetros da prova.
Quando foi verificar as regras oficiais da Maratona de Boston (a prova que decidiu participar), Kathrine Switzer percebeu que não havia uma regra específica que proibia a participação de mulheres. Para evitar uma resposta negativa logo no começo do processo, ela decidiu usar suas iniciais, ou seja, se inscreveu na prova como K. V. Switzer usando como inspiração seus autores favoritos J. D. Salinger e T. S. Eliot.
No grande dia, ela chegou na linha de início da prova bem coberta, mas não era para se esconder não, tanto que ela fez questão de usar brinco e batom durante a prova. O motivo para Kathrine se cobrir tanto antes do começo da prova foi pelo simples fato que estava frio aquela manhã, muitos outros corredores estavam vestidos como ela. Ela fez tanta questão na verdade de acentuar seus atributos femininos que quando os outros corredores perceberam que ela era mulher acham bem legal e comentavam “olha uma garota” e Briggs (que foi para correr ao lado de sua atleta) respondia: “sim, eu a treino”.
Pouco tempo depois do início da prova (cerca de 2 kms), o caminhão da imprensa passou perto de onde estava Kathrine, seu namorado e Briggs. Nesse momento, alguém de dentro do veículo falou: “olha uma garota”. Foi nesse momento que o organizador da prova, Jack Semple, saiu do caminhão e foi correndo na direção de Switzer e gritou: Saia da minha corrida e me dê esse número! Quando Semple tentou tirar Kathrine à força do meio da rua, o namorado dela deu um empurrão digno de um central de futebol americano e incentivou Kathrine a continuar.
Embora na hora Kathrine sentiu muito medo, ele rapidamente se transformou em motivação pois sabia que se ela não terminasse a prova, todos aqueles que diziam que mulheres não tinham condições físicas para acabar a prova a usariam como exemplo que estavam certos. Ela então colocou na cabeça que iria terminar aquele desafio de qualquer maneira, até mesmo de joelhos.
Kathrine completaria essa sua primeira maratona em pé com um tempo de 4 horas e 20 minutos. Isso pode não parecer muita coisa para o nosso padrão hoje, mas lembramos que era a primeira vez que uma mulher completou a maratona oficialmente. A própria Kathrine melhorou esse tempo quando em 1974 venceu a disputa feminina da Maratona de Nova York com o tempo de 3 horas, 7 minutos e 29 segundos.
Kathrine Switzer foi uma mulher de muita coragem, sendo a primeira a fazer o que ela fez e podemos sentir o seu impacto no esporte até hoje pelos números, veja, em 2018, dos 25.831 participantes da Maratona de Boston, 11.628 eram mulheres. Hoje, Kathrine é jornalista e comentarista esportiva e lançou a fundação 261 Fearless, que continua lutando pela igualdade de gênero no mundo todo.
Nadia Comaneci
A pequena gigante da Romênia foi perfeita. Ela na verdade foi tão perfeita que quebrou o placar eletrônico que mostrava as notas das ginastas ao final de cada etapa. Sabe como falamos hoje que tal pessoa/influenciadora(or) quebrou a internet e que sabemos que na verdade não foi para tanto não, no caso de Nadia Comaneci, isso aconteceu de verdade com o placar eletrônico (só para enfatizar seu feito).
Mas vamos um pouco mais para trás, Nadia nasceu na pequena cidade operária de Onesti na Romênia (na época um país que fazia parte da União Soviética) no dia 12/11/1961. Poucos anos depois, o então técnico da seleção romena de ginástica olímpica, Bela Károlyi, estava passando pela cidade em busca de atletas com grande potencial. Ele viu um grupo de crianças brincando em um parque um dia perto da escola onde Nadia estudava e pediu permissão para realizar um teste rápido com as crianças. Ela pediu para que todos que estavam ali fazer um movimento que a maioria das crianças conhecem e gostam de fazer, ele pediu para elas fazerem uma estrela. Ele ficou impressionado com Nadia pois ela fez o movimento de forma perfeita.
Não demorou muito para Nadia mostrar suas habilidades para o resto do mundo pois quando tinha apenas 14 anos conquistou o primeiro 10 da história da ginástica, causando o placar a entrar em pane como mencionei antes. Não se falava outro nome nas Olimpíadas de Montreal de 1976. Ela conseguiu 10 em praticamente todos os eventos que competiu e chocou o mundo todo.
Esses anos de notas perfeitas não duraram muito, quando tinha apenas 16 anos, seus pais se separam e Nadia teve muita dificuldade neste período. Ela era muito nova e já tinha tido um impacto muito grande no esporte de seu país e a pressão para se manter perfeita era grande. Ela foi declarada Heroína do Trabalho Socialista pelo líder comunista romeno Nicolae Ceausescu, a mais jovem da história. Nadia também recebeu a honraria da Ordem Olímpica em 1984, também a mais nova. Durante sua curta carreira, Nadia Comaneci conquistou 9 medalhas olímpicas (sendo 5 de ouro) entre outros títulos mundiais, colocando seu nome nos livros de história.
Poucos meses antes da queda do regime em seu país, Nadia conseguiu fugir para os Estados Unidos onde até reencontrou o seu antigo técnico, que também teve que abandonar a Romênia. Foi na terra do Tio Sam onde Nadia se casou e teve seu filho, Dylan. Hoje ela tem um ginásio e uma linha de roupas para a ginástica olímpica.
Mesmo aposentada, Nadia continua recebendo honrarias. Em 1993 ela foi introduzida ao International Gymnastics Hall of Fame ( sendo a segunda atleta a ser introduzida), em 2004 ela recebeu a Ordem Olímpica pela segunda vez, foi a 4 colocada na lista do Top 20 dos atletas mais importantes do século XX pela Forbes e ainda por cima foi eleita a melhor atleta da história de seu país.
Todas essas mulheres tiveram um forte impacto em seu esporte, porém mais importante foi o impacto que elas tiveram fora dele. Onde estaria o basquete brasileiro sem Hortência ou o tênis sem Maria Esther Bueno? Marta ensinou que meninas são tão talentosas quanto os meninos no futebol, mesmo em uma sociedade onde muitos acreditam que a mulher não tem interesse nem conhecimento no esporte. Outras atletas como Kathrine Swizter e Nadia Comaneci causaram um impacto tão forte que mesmo com o final de suas carreiras esportivas, elas continuam exercendo uma grande influência. Posso falar muito mais de cada uma dessas guerreiras mas queria mostrar o quanto elas impactaram a vida de muitas meninas no mundo inteiro. Há várias outras atletas que posso falar sobre, qual seria a sua sugestão?